sábado, 30 de janeiro de 2010

Supervisor Educacional: exercício de gestão democrática

Por: Martha C. B. de Athayde


De acordo com a lei 6894/91, o supervisor educacional, “atua no acompanhamento, assessoramento, avaliação e pesquisa no processo administrativo/pedagógico das Unidades Educacionais, integrado às equipes de trabalho, sendo responsável pela orientação das mesmas, de acordo com a política educacional e legislação em vigor. Atua também na elaboração das normas e procedimentos legais necessários ao cumprimento da legislação em vigor.” Ainda, atua nos processos de autorização, funcionamento, e acompanhamento das instituições privadas de Educação Infantil.


Ao ler esta descrição, penso na dimensão da legalidade da supervisão escolar. Muitas vezes, as equipes de trabalho das nossas escolas olham para a legislação em vigor como um entrave aos seus projetos, contudo, considero que esta, da mesma forma que a base teórico/pedagógica, subsidia e ampara a nossa prática. A legislação nos fornece um norte, a fim de assegurar direitos para as crianças, para os trabalhadores da educação, bem como para a comunidade, sendo o atendimento desta, nosso objetivo final.


Sendo assim, o supervisor educacional necessita conduzir a sua prática incentivando que a legislação seja respeitada, sem, contudo se tornar um mero “disciplinador”, entendido o papel do disciplinador como: “O olhar disciplinador está sempre atento, sempre controlando sempre vigiando de cima para baixo, intervindo continuamente Ele é perseverante, conseqüente, cotidiano, sistemático, é, acima de tudo, vigilante.” Rosa (2007)


Considero que em sua atuação o supervisor escolar deve procurar parcerias, interagindo com as equipes de trabalho das escolas pelas quais é responsável, bem como com a Equipe do NAED, de forma a construir uma relação ética com todos. Ética nos moldes de Deleuze. “A diferença é essa: a moral se apresenta como um conjunto de regras coercitivas de um tipo especial, que consiste em julgar ações e intenções referindo-as a valores transcendentes (é certo, é errado...); a ética é um conjunto de regras facultativas que avaliam o que fazemos, o que dizemos, em função do modo de existência que isso implica.”(Deleuze, 1992: 125).


Desta forma, o supervisor educacional irá se constituir e constituir com suas equipes de trabalho uma prática que privilegie a ética nas relações entre as pessoas. “Constituir-se a si mesmo enquanto sujeito ético de suas próprias ações é vincular o que eu sou, ao que se pode fazer e ao que se é obrigado a realizar.” Rosa (2007)


Outra dimensão da supervisão escolar é a relacional. Vejo no trabalho do supervisor educacional a necessidade da abertura ao outro. A abertura ao outro se constitui em fator primordial para a construção de parcerias no trabalho, bem como na construção do trabalho coletivo da Escola. Christov (2007) afirma: “... penso as condições para que a escola possa se constituir em lugar de proteção e acolhida do outro, dos diversos outros que batem à sua porta: alunos, famílias dos alunos, profissionais que ali chegam todos os dias para trabalhar, vizinhos do bairro.”


Neste sentido, se faz necessário que o supervisor educacional trabalhe em parceria com todos os profissionais da escola, participando das ações educativas nela desenvolvidas e atuando de forma a incentivar e fortalecer a participação coletiva da comunidade escolar nas decisões da escola.


Meu pensamento se volta para a escola. Escola como local de encontro e acolhimento das diferentes verdades e diversas realidades trazidas por todos, vivenciando a diversidade no encontro com o outro, que é diferente de mim. Este outro, que enxerga uma realidade diferente da minha, e acredita em verdades semelhantes e diferentes das minhas.


 A escola, portanto, deve ser um lugar privilegiado para vivenciarmos a diversidade cultural, social, racial, acolhendo a verdade e a concepção de realidade de todos, como também deve propiciar a inclusão daqueles que são portadores de necessidades especiais e dos excluídos por diferentes motivos.


Por último, considero que o supervisor educacional tem um papel fundamental na discussão e implementação das políticas educacionais desenvolvidas pela SME, devendo ser um articulador entre os fazeres da escola e as diretrizes da SME. Faz-se necessário perceber que cada Escola Municipal faz parte de uma Rede de Escolas, e estão interligadas pelas diretrizes da SME, sem, contudo perder a sua singularidade e especificidade.


Referências bibliográficas:

AGUILAR, L.E. A Gestão da Educação – seu significado a partir de propostas pedagógicas institucionais. III Congresso Latino Americano de Administração da Educação – julho de 1997 – Universidade Estadual de Campinas, 1997.

CHRISTOV, Luiza Helena da Silva. Escola como o lugar de encontros. In Estudo, Pensamento e Criação, v.II, 2 ed. rev. e ampl. p.209-215 –Campinas,SP:FE/UNICAMP,2007.

ROSA, Maria Inês Petrucci S. O Cotidiano da Escola In: Curso de Especialização em Gestão Educacional, Campinas: FE/UNICAMP, 2007. 3 CD-ROM.

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